Centro de Referência, Memória e Cultura Indígena - Kaingang

Localização e Contato Centro Cultural Kaingang

google-maps-png-google-maps-icon-1600Endereço: R. Humberto Piccinin, S/N
Telefone: (43) 3378-0394 Ramal: 422

Kaingáng


Os Kaingáng formam um numeroso grupo indígena do Brasil Meridional. Pertencentes ao tronco linguístico Macro-Jê, ocupam os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Representam um contingente populacional numericamente importante no sul do país, somando aproximadamente 25.000 pessoas.(ISA/2000)
São habitantes das terras da região de Londrina muito antes da chegada do homem branco nesta região. Foram “colonizados e pacificados” no período de 1.770 a 1.930. A partir daí, tiveram seus territórios expropriados e o contato se estabeleceu de forma desigual. Perderam sua autonomia enquanto grupo, viram-se privados de seus saberes e de seus amplos territórios de caça e pesca, passando a viver em aldeamentos controlados por administradores brancos, missionários e civis.

A Terra Indígena do Apucaraninha, onde está situada a aldeia, ocupa a porção sudoeste do Município de Londrina, sendo limitada ao norte pelo Rio Apucaraninha, ao sul pelo Rio Apucarana, a leste pelo Rio Tibagi e a oeste por de alguns rios pequenos, estradas, represas e cortes aleatórios.
Atualmente a economia dos Kaingáng baseia-se em três atividades fundamentais: agricultura de subsistência, assalariamento temporário e o comércio de artesanato. Este sistema foi deflagrado na medida em que os avanços da frente de expansão da economia brasileira sobre o entorno da Terra Indígena se estabeleceu, ocasionando de forma contundente, grandes transformações sócio/culturais, ambientais, epidemiológicas e econômicas no interior desta sociedade.
A comercialização de balaios e cestas surgiu como uma alternativa da garantia de sobrevivência, e sua fabricação para este fim, tem sido cada vez mais intensificado, constituindo uma importante fonte de obtenção de renda para as famílias Kaingáng.

A comercialização de balaios e cestas surgiu como uma alternativa da garantia de sobrevivência, e sua fabricação para este fim, tem sido cada vez mais intensificado, constituindo uma importante fonte de obtenção de renda para as famílias Kaingáng.
A Terra Indígena do Apucaraninha está sob a jurisdição da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) – administração regional de Londrina, órgão responsável pela tutela indígena e também pela Fundação Nacional de Saúde que a partir de 1999 passou a ser o órgão gestor da saúde indígena em todo o Brasil.
A população indígena do Apucaraninha atualmente soma aproximadamente 1.300 pessoas, em um total de 350 famílias. Todos os Kaingáng falam a língua materna, sendo as crianças até sete anos de idade, estritamente monolíngues. Entre jovens e adultos existe o domínio do português, ainda assim, usam preferencialmente a língua materna.
A Prefeitura de Londrina, através da coordenação da Secretaria Municipal de Assistência Social, integrada com outras Secretarias Municipais: de Saúde, Educação, Cultura, Meio Ambiente e Agricultura, vem desenvolvendo um Programa de Atendimento aos Kaingáng desde 1.993.
Dentro do programa de atendimento aos Kaingáng, coordenado pela secretaria de assistência social destacamos:
O VÃRE - CENTRO CULTURAL KAINGÁNG – local que está direcionado à venda e divulgação da cultura material kaingáng, constitui em um importante espaço urbano para os indígenas. Foi implantado em 1999 e desde então, tem buscado oferecer melhores condições de permanência aos kaingáng por ocasião de suas vindas à cidade de Londrina para a comercialização de seus produtos artesanais.

O Vare conta com dois espaços distintos: um constituído para abrigo temporário, formado por oito casas, com infra-estrutura adequada e capacidade para atender as famílias kaingáng, e o outro destinado à visitação pública aberto principalmente às escolas municipais e estaduais, com mostra permanente de exposições fotográficas, acervos de livros e textos apresentando aspectos ligados ao cotidiano, tradição e cultura dos kaingáng. O Vare é um importante espaço de divulgação sobre a cultura indígena tanto para a cidade de Londrina como para o Sul do país.
Destacamos também o projeto sobre o uso de bebidas alcoólicas e/ou alcoolismo que prevê ações de pesquisa, prevenção e intervenção, com envolvimento e participação da comunidade. Inicialmente foi realizada uma pesquisa que possibilitou o diagnóstico epidemiológico e antropológico o que permitiu conhecer a situação do consumo de bebidas alcoólicas e a dinâmica de como se dá este consumo nos diferentes grupos e situações, além de possibilitar reconhecer o processo histórico, social, cultural e de mudança que determinaram o modo de beber desses indígenas na atualidade.
Consideramos ainda no programa de atendimento ações importantes como a assistência às famílias e crianças de risco, através do acompanhamento domiciliar e fornecimento de suplemento alimentar. Atividades ligadas a oficinas de prevenção sobre diversos temas de saúde que são realizados junto a comunidade, assim como a manutenção e garantia do ensino bilíngüe e inter-cultural através da escola local dentro da aldeia.
O programa de atendimento a saúde que visa desde a sua criação à oferta de serviços de saúde, com atendimentos médico, odontológico e de enfermagem, tendo como eixo estruturante a construção de uma assistência diferenciada, que considere a especificidade cultural do grupo e contribua para o resgate e a preservação de práticas tradicionais, tendo como base de apoio os princípios do SUS.
Esta assistência diferenciada pressupõe discutir como estruturar serviços com qualidade, que considerem a especificidade cultural e que tenham uma abordagem interdisciplinar e participativa. Este desafio inclui a aproximação das ciências sociais com as ciências biológicas estabelecendo um dialogo entre estas disciplinas, o desenvolvimento de métodos para descrever e interpretar os problemas e formular alternativas de solução num contexto da prestação de serviços da atenção básica de saúde.
A partir de 2000, com a definição de Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e criação de um subsistema de Atenção a Saúde Indígena dentro do SUS, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), o município estabeleceu parceria com a FUNASA, que possibilitou uma incrementação do programa já existente.

 


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